Pausa para Gilcley e Ana Carolina

O técnico de informática não queria nem saber de computadores naquele dia. Aliás, tudo o que ele mais desejava era não estar na frente de um monitor ou com hardwares, parafusos e chaves de fenda nas mãos.
Ele estava era ansioso para pegar aquele avião. Para outros, poderia ser apenas mais uma viagem. Mas, para ele, era definir seu futuro. Era saber que nada ia ser como antes. E ele estava decidido.
Decolou do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus, às 14h30, daquela sexta-feira, com um único destino: Brasília. Lá, aos 27 anos, iria realizar o seu sonho, e, ao mesmo tempo, um sonho conjunto. Com Ana Carolina. Ia pedir a moça de 20 anos em casamento. Mal podia esperar para ver o relógio apontar 18h10 e matar as saudades que tinha da namorada.
Afinal, começo de namoro arrebatador sempre dá saudades, principalmente quando a distância é grande. O romance estava na marca dos dois meses, apenas, mas a intensidade entre eles era notável e copiosa.
Encostou na poltrona confortável da aeronave e não resistiu, dormiu. Sonhou mais um pouco com Ana. Ele só não sabia que o sonho ia terminar. Apesar do sono eterno.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u126606.shtml