Sobrevida Musical

A surpresa, a cada audição de um trio inglês chamado The Puppini Sisters, só aumenta. É um estilo que parece musical da Broadway, parece coisa antiga, como cantoras de rádio dos anos 50, 60, parece jingle de comercial. E é mais que isso, pois estamos no ano de 2006 (jura?) e elas são do ano de 2006.
Do disco de estréia das irmãs, o Betcha Bottom Dollar, eu pensei que tinha ouvido muita perfeição vocal nas primeiras sete músicas. Quando, porém, cheguei na oitava faixa, "I Will Survive", que eu pensei que ia ser um clichê no repertório, cantada já por Gloria Gaynor, Cake e meu conterrâneo (blergh!) Edson Cordeiro... Que nada!
Quer dizer, não é que não seja um clichê, mas também é mais que isso. É deleite, é bom gosto musical, é superação. É uma lindeza, enfim.
E daí que não baixei todas as músicas do disco debutante das moças. Baixei até a décima, ainda faltam seis. Dentre as seis, "Heart Of Glass", do Blondie, e "Panic", dos Smiths. Ai, meu Deus, que ansiedade para chegar em casa para continuar a baixar o resto (resto, pejorativamente, mil perdões...).

Todo tarol tem sua explicação

Há uns dias, eu estava com um certo alguém (aquele que é bem legal ficar de par abraçadinho ao tocar “Último Romance”) ouvindo “Todo O Carnaval Tem Seu Fim”, dos mesmos Los Hermanos. A pessoa em questão me perguntou o que significava a palavra “tarol” de uma passagem da música (“... toda banda tem um tarol, quem sabe eu não toco...”). Não soube responder na hora.
Fui procurar hoje no dicionário o que significava. Primeira tentativa, mini Aurélio, nada. “Ué? Será que eles fizeram um neologismo. Não, impossível, uma palavra simples, de cinco letras, não pode ser inventada assim... Tem que ter sido inventada por outro alguém...”.
Procurei um dicionário menos fodão, da Ediouro, de um tal Sérgio Ximenes (sei lá, deve ser aqueles que vêm de brinde em jornal). Negativo, de novo. “Oh, meu Deus. Eu não posso ficar sem essa resposta... Mas, peraí!!! Bingo!!! Salvação!!!”
Saí correndo entre os livros do meu pai. Lembrei de um dicionário antigão que ele tem, que, faz tempo, estava intocável. Daqueles que têm desenho ilustrando algumas palavras específicas. “Dicionário Conciso de Língua Portuguesa”, do Círculo do Livro (ainda existe?).
(Parênteses: “Conciso”? Uma ova! Grosso até...).
E entre imagens de alpaca (sf. quadrúpede ruminante dos Andes.), brontossauro (sm. Espécie de dinossauro herbívoro da América do Norte que mede – media? – aproximadamente 3,80m de altura e 7,20 de comprimento.), camaleão (sm. Réptil da família dos iguânidas que tem a propriedade de mudar a cor da pele – que, aliás, muito bem poderia ter a foto do David Bowie), entre poeiras, tosses e espirros, acho, enfim – a-há! – tarol!
A prova de que os barbudos são saudosistas e amantes à moda antiga. Fui encontrar o significado de tarol num dicionário velhíssimo, que nem ano de lançamento tem na bibliografia.
É isso aí.
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Ah! Em tempo: tarol sm. Tambor pouco alto, de som claro.

Top 10 Los... Los...

Sou da geração Alta Fidelidade, adoro listas, top coisas e blá, blá, blá... E daí que minha diversão do momento neste aspecto foi fazer um top ten músicas do Los Hermanos (além de tudo, sou previsível...). De trás pra frente, as duas primeiras com um comentarinho modesto meu, valeu?

10) "É De Lágrimas"
9) "Adeus Você"
8) "O Velho E O Moço"
7) "Quem Sabe"
6) "O Vento"
5) "Retrato Pra Iaiá"
4) "De Onde Vem A Calma"
3) "Fingi Na Hora Rir"
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2) "O Último Romance": música para embalar qualquer namoro, adequada demais para momentos "abraçadinho com o par".
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1) "HORIZONTE DISTANTE": Não dá para ficar impávido colosso quando se tem contato com as variações dessa obra-prima. As mudanças, no decorrer do período em que a música passa, são de extrema fascinação. Que busca que eles, os barbudos, não devem ter feito para encaixar de maneira perfeita letra e melodia, não? Pois é. Aqui, conseguiram mais que em nenhuma outra música deles, ao meu ver.

Choque de Gerações

A discussão sobre música aqui na redação começa: alguém comenta que falaram mal de Bob Dylan na Folha e daí outro já entra na conversa e diz que não existem boas bandas de pop/rock na nossa década.
É aí que eu entro: como assim não existem???
E começo a citar grupos muito bons dos anos 00 (ou, que seja, começaram no fim dos anos 90): Queens Of The Stone Age, The Mars Volta, The Strokes, Arctic Monkeys, The White Stripes, Dresden Dolls, System Of A Down, Mew, Arcade Fire, Wolfmother, Art Brut, Franz Ferdinand, The Go! Team, The Raconteurs, Clap Your Hands Say Yeah!, The Killers, Kings Of Leon, Cat Power, Ryan Adams, Bloc Party, Kaiser Chiefs, Ok Go, Hot Hot Heat, Jet, The Shins... ufa!
E isso porque eu não comentei sobre o Brasil, onde se tem Los Hermanos, Ludov, Cachorro Grande, Bidê Ou Balde, Wonkavision, Autoramas, Vanguart, Moptop, Rock Rocket, Nervoso, Drosóphila, Cansei De Ser Sexy, Faichecleres, Superguidis, Stratopumas, Relespública...
Puxa vida, quantos bons argumentos!
Mas como todo ortodoxo não dá o braço a torcer, me mandaram ir à merda...
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Ah, e eu deveras gosto de Bob Dylan.